sábado, 27 de dezembro de 2008

Maelström

A ilha se faz ostra:
multíparo arquipélago
de olhares perolados.

Ciúme, fel salobro,
da nervosa maré
ácida negra língua.
Nau, talássica pílula.

Eu, arábica vela
entre éolo e céu,
em turbulência, só,
sei procrastinação.

Louco náufrago exímio,
amo o escuro do pélago
e o átimo da gota.

sábado, 20 de dezembro de 2008

(três haicais cafeinados)


Meu café fumaça,
chove o verão sem saber.
Ele ou eu que passa?




Meu café fumaça,
a velhice vela ao lado -
sou eu, mas sem ser.


Meu café fumaça,
uma ânsia por fim me enlaça:


sou desesperado.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Poeminha ecológico (desconstrução)


Se o amarelo for a cor em questão
que brote novo o rubro da paixão
banindo os tristes girassóis da alma.
Mas que nunca faça reinar-se a calma -
longe do não ser queremos estar!
A maré da vida, os elos do lar
arrancam os sós coqueiros da rotina
e atam os longos nós das nossas sinas
fazendo eterno nosso reencontrar.




O amarelo e
a maré , os elos
da vida, são
só coqueiros, nunca girassóis.
arrancam nosso eterno,
nós das nossas sinas:
que brotem novos os da rotina
banindo a longa calma do lar.
atem-se as almas sem reencontrar,
queremos estar longe.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008