terça-feira, 31 de março de 2009

Recifeu

ora a lábia
dedilha a senha
lê-se deus no caminhão
minha mão em minha mão em minha mão
os céus...

ponte
pombo
....................pista

piche......................poste
...........porra

........puta........................... prego

placa


fleuves sem rima ou
.... solução
..concreto ....e sim
..................óbolo ou oróboro ou bórico ou bóreo ou mesmo bosta...
sangue
.... no sangue no
..semáforo
sangue no....
..........cartel sangue na sarjeta ................ sangue
no apartamento sangue
......na sala.... do divino na rica ..gruta do suí.no
................na greta fraterna da menina que esperará
além
......de si e além de sangue ....no


aquém

ninguém
..............


........pelo amor a si
amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem e a si amem
e a si amem


e a si amem e a si amém

....................volitivo olvido ......amém...
minhas praças meu fígado minhas cinzas meu nome minha mentira meu comprimido minhas carroças meu olho direito minha foda meu léu meu vômito
minha menina meu suor minhas pernas minha morte minhas fossas meu desalento minha pança meus vinte minutos meus vinte dedos meus vinte anos minha ira meu credo meus pelos minha sede meu carbono meu mangue minha morosidade meu vácuo minha vida minha avenida minhameuminhmeminm eu

segunda-feira, 30 de março de 2009

Metonímia

Após tantos muitos anos de mim
no meu violão eu ainda percuto
os mesmos velhos solos, e me escuto
consciente que sôo sujo e ruim.
Por que repito uma mesma sentença
de quando nem me sabia uma pessoa..
É só o acorde que escuro ressoa
ou eu que carrego uma tristeza imensa?
Nos fretes, nas cordas sublimo uma cura
um escape da ânsia de ser quem eu sou.
Soubessem aqueles que vêem meu show
da minha melancolia mais pura
haveriam de rir de sentimento
tão néscio vindo de um mero instrumento.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Díptico no compartilhar da aurora

I
Um sorriso suspenso anota indecisões,
curta-metragem dos sentimentos passados,
e a beleza propaga um assobio cansado
na macia folhagem de outras estações.
É ainda distante que se repousa a tarde,
uma piada muito longa para se rir -
mas é sem pretensões que todo riso arde,
assim como o amor só existe após partir.
E a silenciosa ética desse arrebol
nada interfere nas estradas do desejo:
ambas conferem significados ao beijo
sob o diário neologismo do sol.
Não há uma fotografia mais natural
da companhia - pura, e vazia de mal…

II
A nossa hora
a gasolina
daquela aurora;
minha menina

se aquele dia
soubesse inda
como se lia
a tua vinda

que qual sereia
soltava árias
para a areia...
Éramos párias

éramos vários
na superfície:
um corolário
ou uma pernície?

Aquela seda
nos acolhia
e tu tão leda
que se encolhia

entre meus dedos
ante o Atlântico..
Dentre meus medos
o mais titânico.

sábado, 21 de março de 2009

Soneto em tempo

Despido no ínterim das paixões minhas
olho o ponteiro de um relógio estranho
que mediante os seus braços de estanho
informa-me justo as horas sozinhas.
A vagareza dessa sua jornada
apenas transmite uma calma sem rumo
qual o fruto que lento perde seu sumo
ao sofrer do sol na exposta sacada.
Mas ao a nudez da alma me estorvar
junto ao sonoro roer dos minutos
percebo que já não desponto o luto
que ainda pensava vivenciar.
Visto-me e de tempo não mais preciso:
viver só é uma questão de sorriso.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Sonetilho lunar


Lupina,
de chofre
menina -
que sofre

dum louco
mister:
se pouco
mulher




termina
em ser
ferina,

sem ver
mais ávida
a vida.