Nunca soube como escolher o que publicar aqui, nunca existiu critério. Apenas uma vontade engraçada - e cá estava. Vontade esta logo seguida por um sentimento de incompletude, de irrealização, o qual me sabia após cada novo poema exposto. Este, fez-me modificiar extensamente todos os escritos, alguns quase por completo, outros ainda muitos meses após sua primeira versão.
Só muito tarde, quase hoje, é que notei a razão que me fazia decidir tanto o que publicar, quanto o que modificar: tudo aqui, fim de contas, é igual. Tudo se pertence. Tudo é unido; cada letra é a mesma da próxima letra, que é a mesma daquela que acabei de escrever nesta linha.
Sem saber direito, aos poucos destilei um amálgama, um colorido pleonasmo.
Desta forma, por um ano decorri sobre infinitos aspectos de uma mesma coisa: cada rima aqui escrita não passa de repetição. Cada poema não é uma granada, nem sequer é um poema. Nem meio-poema. Tudo que atinge sua vista, cada cor, símbolo e brilho: talvez isto, sim, tudo ao mesmo tempo, seja um princípio de poesia.
Noto, também, que a linha que costura por entre todos esses versos não mais prevalece. A confecção deste projeto, apesar de, a meu ver, inacabada, precipita um insistente fim. E aqui o declaro, então: fim.
Mas lembro: caso queiram ler, façam-no sem atenção. Apenas vejam cada frase como irmã da outra, cada vírgula como uma célula de um organismo. E tentem não se entendiar demais.
Com licença poética - Adelia Prado
Há 9 anos