quinta-feira, 26 de março de 2009

Díptico no compartilhar da aurora

I
Um sorriso suspenso anota indecisões,
curta-metragem dos sentimentos passados,
e a beleza propaga um assobio cansado
na macia folhagem de outras estações.
É ainda distante que se repousa a tarde,
uma piada muito longa para se rir -
mas é sem pretensões que todo riso arde,
assim como o amor só existe após partir.
E a silenciosa ética desse arrebol
nada interfere nas estradas do desejo:
ambas conferem significados ao beijo
sob o diário neologismo do sol.
Não há uma fotografia mais natural
da companhia - pura, e vazia de mal…

II
A nossa hora
a gasolina
daquela aurora;
minha menina

se aquele dia
soubesse inda
como se lia
a tua vinda

que qual sereia
soltava árias
para a areia...
Éramos párias

éramos vários
na superfície:
um corolário
ou uma pernície?

Aquela seda
nos acolhia
e tu tão leda
que se encolhia

entre meus dedos
ante o Atlântico..
Dentre meus medos
o mais titânico.

Um comentário:

Unknown disse...

Cada nova vez que leio, mais eu gosto!
beijão