segunda-feira, 29 de junho de 2009

Passagem - manhã

Cada dia da semana a cloaca divina lança o reciclável ovo da manhã
abrindo margem para a refeição sonolenta.
Cada dia da semana
a família perturba a superfície da infância
e cada cão cada gato cada cisne
canta com os gestos
triviais de um desconcerto -
velho conhecido.

Se somos ou se sabemos
não passa de
uma
meia questão.

Tribos cinéfilas, refeições
sincréticas
o trigo em um
o iôiô de um gozo
vínculos de doença
sirene:
exercemos a expiação
durante o breve alívio
da ducha.

Vida como ser marginal desse
perecível instrumento de calor;
infinita espada
córrego despreendedor
imensa
fatia daquilo que esperamos sem nos darmos conta
sorriso
impossível por invísivel
ser, presente e
alvo, óvulo
das sete pernas, cada qual alimentando-se
dos seus cíclicos frutos
frágeis como Aquiles.

Prisma do encontro
prisma do profano
prisma e culpa
insaciável
reincidente
pequena mentira que arqueia
a clara língua solar.
Arquivo natural, cristal inestimável e sonoro
dos antigos nomes
sem qualquer origem
apenas
inspiração.

E expiração.

2 comentários:

leoely disse...

manhã sombria, hein parceiro...

sem metáfora nenhuma:

força aí bicho...

barbra brusk disse...

"O brilho como um simples sonho de espera
perdido nos muitos
corredores
da palavra não."

eita que bonito.