quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Travessia cotidiana


Queria mesmo, sabe, minha mãe
que durante o dia eu tivesse medo,
que toda noite começasse cedo
e não me houvesse nunca capitães.

Assim faria eu a minha vida,
já de manhã buscando logo a tarde,
fazendo manha sem fazer alarde,
virando antes a página não lida,

para não saber de mim mesmo em meio
a engrenagens, metálicos receios:
sem sementes, sem vento ou direção.

Mãe, minha mãe de cada dia meu,
que seja eu crente enquanto for ateu
mas nunca esteja só na solidão.

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